Toca-me como o som de uma gaita, serenata que se fazia às mulheres cruéis que de tanto rirem e dançarem caçoavam de qualquer amor. E não tinham o menor pudor, usavam saias que subiam com a brisa, blusa transparentes e perfume que deixaria qualquer um doente. E seria por encantamento ou por fraqueza que qualquer um sofresse em sua beleza, cantando aos becos sua dor de abandono e esquecimento. E das profundezas respondiam com a mesma melodia que todo boêmio sabia decor. Com a mão no peito e a gaita aos lábios, veneram a noite, enumeram as estrelas, sonham com os cabelos e os olhos dela. Ficam obcecados e hipnotizados, esquecem seus sapatos e perambulam descalços pelas ruas sem rumo. Não se lembram do seu nome, mas a voz dela como sereia cantarola ao ouvido a história que eles contam moribundos nas calçadas.