Quando anoitece e o universo silencia, nosso palco se abre sobre a cama, por onde dançamos uma coreografia celestial, um tango fagocitante de labaredas que se engolem quando as estrelas se encontram. Os pincéis em seus dedos e sua língua espalham as cores invisíveis aos olhos humanos, eu me torno um quadro nebulosa enquanto você recita seu poema sobre o meu corpo, com a devoção de mil vozes em uníssono de uma sinfonia inédita. Eu me interpreto em paisagem litorânea, dunas e cânions, sua voz e seus toques desbravam novas trilhas pelo meu ser até desembocarem cachoeiras e oceanos néons. Fechamos os olhos e nos tornamos radiação solar atravessando a existência da matéria com o nosso nome próprio de ontem de hoje e de amanhã. Até o fim dos tempos.