você me dizia algo na sua língua
alta velocidade túnel adentro
cortando o transitável espaço
via de mão dupla e sem paradas
o sinal aberto pra seguir em frente
tentava me dizer algo na sua língua
um frenesi descontrolado e melódico
na minha cabeça não fazia sentido
eu só conseguia balbuciar
que continuasse e que continuasse
no túnel infinito da noite
sua língua tinha um ritmo próprio
que encontrou por fim onde pousar
e eu
gemi de satisfação
compreendi por fim
linguagem oral canta e toca
música no baixo ventre